Principais Estudos Publicados em 2009
Estudo da Inibição Plaquetária
e desfechos dos pacientes (PLATO)
Ticagrelor é superior ao
clopidogrel na redução de infarto agudo do miocárdio, AVC e morte cardiovascular
nas síndromes coronarianas agudas
O ticagrelor reduziu de forma significativa o risco de eventos cardiovasculares
e morte sem aumentar sangramentos maiores comparado ao clopidogrel em pacientes
com síndrome coronariana aguda (SCA), de acordo com os achados do estudo
Platelet Inhibition and Patient Outcomes (PLATO; NCT00391872).
O ticagrelor é um agente antiplaquetário que age por meio da inibição de forma
direta e reversível do receptor do ADP, P2Y12. O estudo PLATO foi desenhado para
avaliar se o ticagrelor é superior ao clopidogrel medicamento antiplaquetário
padrão em portadores de SCA, na prevenção de eventos cardiovasculares e morte
numa ampla população de pacientes com SCA.
O estudo PLATO randomizou 18,624 pacientes hospitalizados com SCA com ou sem
supra-desnível do segmento ST para receber ticagrelor (dose de ataque de 180 mg,
manutenção 90 mg duas vezes ao dia) ou clopidogrel (dose de ataque 300 a 600 g,
manutenção 75 mg/dia) de forma duplo-cega, com duração de até 12 meses. Todos os
pacientes estavam em uso de Aspirina 75-100 mg/dia. O desfecho primário de
eficácia foi composto por mortalidade cardiovascular, infarto agudo do miocárdio
(IAM) ou acidente vascular cerebral (AVC). O desfecho primário de segurança foi
sangramentos maiores utilizando critérios definidos pelo próprio estudo.
Ao final de 1 ano, o ticagrelor reduziu o desfecho primário de 11,7 % para 9,8%
comparado ao clopidogrel (Hazard Ratio [HR] 0,84; p<0,001). O ticagrelor também
reduziu os desfechos secundários pré-especificados comparado ao clopidogrel,
incluindo IAM (5,8% VS. 6,9%; HR 0,84; p=0,005) e morte por causas vasculares
(4,0% vs 5,1%; HR 0,79; p=0,001). Entretanto, o ticagrelor não preveniu a
ocorrência de AVC (1,5% vs 1,3%; p=0,22).
As taxas de sangramentos maiores definidos pelo estudo, não alcançaram
significância estatística (11,6% com ticagrelor vs 11,2% com clopidogrel;
p=0,43), assim como sangramentos maiores pela definição TIMI (7,9% vs 7,7%;
p=0,57). O ticagrelor aumentou as taxas de sangramento maiores não relacionados
a cirurgia de revascularização do miocárdio (RM), desfecho secundário de
segurança (4,5% vs 3,8%; p=0,03). Não houve diferença significativa nos
sangramentos relacionados à cirurgia de revascularização do miocárdio (7,4% vs
7,9% p=0,32).
A ocorrência de efeitos adversos foi similar nos dois grupos.; O ticagrelor, no
entanto, aumentou a incidência de dispnéia (13,8% vs 7,8%; p<0,001). Alem disso,
nos pacientes que realizaram monitoramento com Holter durante a primeira semana
de tratamento (n= 2866), pausas ventriculares 3 segundos foram maiores nos
pacientes radomizados para o ticagrelor (5,8% vs 3,6%, p=0,01). Essa diferença
não se repetiu no Holter de 30 dias de tratamento (2,1% vs 1,7%, p=0,52). A
descontinuação do tratamento decorrente de efeitos adversos foi maior com
ticagrelor comparado ao clopidogrel. (7,4% vs 6,0% p< 0,001).
No editorial, Albert Schomig, MD, Deutsches Herzzentrum, Munich, Germany,
observou diferenças importantes entre o PLATO e dois outros grandes estudos de
medicações antiplaquetárias (antagonistas do receptor P2Y12): CURE com
clopidogrel e TRITON-TIMI 38 com prasugrel. Dos TRÊS estudos, o PLATO foi o
único a demonstrar redução de mortalidade por todas as causas por um agente
antiplaquetário mais potente, reduzindo o risco de mortalidade geral comparada
ao clopidogrel me 22% (4,5 vs 5,9%; p<0,001).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Wallentin L, Becker RC, Budaj A et al. Ticagrelor versus Clopidogrel in
patients with acute coronary syndromes. N Engl J Med 2009; 361:1045.
2. Schomig A. Ticagrelor – Is there a need for a new player in the
antiplatelet-therapy Field?. N Engl J Med 2009; 361:1108.