Principais Estudos Publicados em 2009
Avaliação da
Insuficiência Cardíaca como desfecho no uso do antagonista da angiotensina
II losartan – HEAAL (Heart failure Endpoint evaluation of Angiotensin II
Antagonist Losartan)
O objetivo deste estudo foi comparar o tratamento com altas doses versus
baixas doses de losartan nos pacientes com insuficiência cardíaca. Resultou
benefício das doses de 150 mg para pacientes com disfunção ventricular
durante seguimento de, aproximadamente, 5 anos.
Hipótese
O losartan em altas doses seria superior na redução de morte ou admissão
hospitalar por insuficiência cardíaca.
Drogas
Pacientes com insuficiência cardíaca e fração de ejeção do ventrículo
esquerdo < 40% foram randomizados para dose alta de losartan ( n = 1927)
versus dose baixa de losartan (n = 1919).
Medicações concomitantes
No grupo 150 mg de losartan, o uso de anticoagulantes era de 33%,
antiarrítmico 9%, 72% betabloqueador, diurético 77%, bloqueador receptor de
aldosterona 38% e estatinas em 39% dos pacientes. A intolerância ao inibidor
da enzima de conversão de angiotensina (IECA) apresentou-se como tosse em
77%, intolerância gastrointestinal em 5%, rash cutâneo em 3%, distúrbio do
paladar em 2%, hipercalemia em 1% e disfunção renal em 1%.
Principais achados
Foram randomizados 3846 pacientes, não houve diferença nas características
dos grupos estudados. No grupo losartan 150 mg, a idade média era 66 anos,
30% eram mulheres, 31% tinha história de diabetes e a fração de ejeção média
era de 33%. Seguimento médio de 4,7 anos, o desfecho primário, mortalidade
global ou admissão hospitalar por insuficiência cardíaca, foi 11,1 por 100
pacientes-ano no grupo 150 mg e 12,4 por 100 pacientes-ano no grupo 50 mg (
p = 0,027). A mortalidade global ou admissão cardiovascular ( por 100
pacientes-ano) foram, respectivamente, 15,6 e 17 ( p = 0,068), já
isoladamente, a mortalidade global 7,6 versus 8,2 (p = 0,24), admissão por
insuficiência cardíaca 6,0 versus 7,0 ( p = 0,025) e admissão cardiovascular
foram 11,5 no grupo 150 mg e 12,9 no grupo 50 mg (p = 0,023). A hipercalemia
(por 100 pacientes-ano) foi 2,79 no grupo dose alta e 1,87 no grupo dose
baixa (p = 0,0004), hipotensão arterial foi, respectivamente, 2,92 e 2,07 (
p = 0,002), aumento da creatinina foi, 7,12 no grupo 150 mg e 4,73 no grupo
50 mg ( p<0,0001) e angioedema foi, respectivamente, 0,08 e 0 ( p = 0.03).
Interpretação
Nos pacientes com insuficiência cardíaca devido a disfunção ventricular
esquerda que não toleraram IECA, o uso de altas doses de losartan foi
benéfica. Em seguimento médio de 4,7 anos, 150 mg diários de losartan
reduziram a mortalidade global ou admissão hospitalar por insuficiência
cardíaca. A admissão hospitalar por outras causas cardiovasculares também
foi reduzida com este regime de tratamento. Doses elevadas de losartan
resultaram em maior número de eventos adversos: hipercalemia, hipotensão
arterial, insuficiência renal e angioedema. Este estudo não fornece idéias
do uso de altas doses do bloqueador do receptor da angiotensina para os
pacientes que toleraram o inibidor de enzima de conversão da angiotensina.
Referências: Konstam MA, Neaton JD, Dickstein K, et al. Effects of high-dose
versus low-dose losartan on clinical outcomes in patients with heart failure
(HEAAL study): a randomised, double-blind trial. Lancet 2009;374:1840-8.