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A Polêmica
Questão do Seguro-Saúde nos Estados Unidos
Autor: Caio Cesar F. Fernandes
O financiamento da saude nos Estados Unidos
Ao contrário de outros países desenvolvidos, os Estados Unidos não contam
com um sistema de saúde de cobertura universal. Hoje, cada cidadão americano
deve adquirir seu próprio seguro-saude, sendo que a maioria dos americanos
consegue cobertura através de seus empregadores. Uma boa parcela da população,
entretanto, busca diretamente empresas privadas que oferecem diferentes planos
de seguro-saude.
Os membros desses planos privados, além de pagamentos regulares, às vezes,
também têm que pagar parte do custo de seu tratamento antes que a seguradora
reembolse total ou parcialmente suas despesas médicas. O tipo de atendimento,
assim como o montante reembolsado, varia de acordo o plano.
Sistema de cobertura
Os americanos com 65 anos de idade ou mais podem se inscrever no sistema de
cobertura Medicare, que é administrado pelo governo. Famílias de baixa renda,
crianças, mulheres grávidas e pessoas com certas deficiências qualificam-se para
um outro programa de caráter assistencial, o Medicaid.
O governo dos Estados Unidos também administra o Programa de Seguro de Saúde
para Crianças (S-Chip), que dá cobertura a crianças cujos pais têm renda baixa,
mas não são suficientemente pobres para se qualificar para o Medicaid.
Os Veteranos das Forças Armadas também contam com assistência médica especial
fornecida por um esquema governamental especifico, o Veterans Affairs
O problema dos últimos anos
O crescente avanço tecnológico no diagnóstico e no tratamento evidenciado nas
últimas décadas, aumentou drasticamente os custos com a assistência médica para
os cidadãos. As contribuições dos empregados com seguros-saude empresariais
aumentaram quatro vezes mais rápido do que os salários e agora custam o dobro do
registrado há nove anos.
Os Estados Unidos como um todo gastaram cerca de US$ 2,2 trilhões em assistência
médica em 2007 - 16,2% do Produto Interno Bruto (PIB) e quase o dobro da média
dos outros países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico).
Com o aumento de custos, dezenas de milhões de americanos não conseguiram mais
adquirir seguro-saúde e, atualmente, milhões são considerados "sub-segurados".
Quando uma pessoa sem seguro (ou com cobertura inadequada) fica doente, ela tem
a obrigação de arcar com todos os custos de assistência médica. Como
consequência desta lei, metade de todos os casos de inadimplência nos Estado
Unidos é, de alguma forma, resultado de despesas médicas.
O drama real destas pessoas foi registrado pelo polêmico diretor americano
Michael Moore no filme SICKO de 2007.
O aumento dos custos também faz com que o governo gaste mais e mais em Medicare
e Medicaid, determinando que a assistência médica seja o maior fator para o
crescimento do déficit orçamentário americano.
O censo dos Estados Unidos de 2008 estimou que cerca de 15% da população ou 45
milhões de americanos não tinham seguro, sem levar em conta a população de
imigrantes ilegais e desempregados temporários. Os partidários da reforma do
sistema de saude usam este argumento com frequência para mostrar que o sistema
está deixando de lado muitos americanos e precisa ser modificado, insistindo
que, exceto pelos imigrantes ilegais (que não teriam cobertura sob nenhum plano
de reforma proposto pelo Congresso ou pela Casa Branca), muitas das 46,3 milhões
de pessoas seguradas se beneficiariam com mudanças e que este é um dado que
merece ser levado em consideração pelo governo.
Fonte: BBC, The New England Journal of Medicine