Notícias
Doença cardiovascular no Brasil
é destaque no European Heart Journal
Autor: Dr. Bruno Paolino
Referência: Taylor, J., Phil, M. Cardiology in Brazil: a country in development.
Eur Heart J 2010: 31; 1541–47.
Em uma abrangente matéria de 2 páginas, a doença cardiovascular no Brasil foi
discutida na edição de junho de uma das mais importantes revistas científicas do
mundo, o European Heart Journal. Nesta reportagem, o problema da doença
cardiovascular foi colocado em uma visão ampla, fria e imparcial, que englobou
os aspectos da saúde brasileira, do perfil da população e do desenvolvimento
econômico. Em adição, foram destacados os esforços governamentais para a redução
da incidência da doença cardiovascular no país.
No início da reportagem, foi desenhado o panorama que vive o Brasil nos dias
atuais: uma nação de território e população gigantes, que conseguiu entrar no
hall dos países de crescimento econômico mais acelerado do planeta, mas que tem,
por esta razão, grandes desafios a vencer na área da desigualdade social e da
saúde básica. Foram expostas as diferenças entre o centro-sul rico e o
norte-nordeste pobre, e a grande variação regional do acesso à saúde.
As questões ligadas à cardiologia também foram amplamente detalhadas: apesar do
Brasil ter conseguido chegar à tecnologia na cardiologia comparável aos países
desenvolvidos, são freqüentes enfermidades características de nações pobres,
como a febre reumática e a doença de Chagas. Além disso, a doença cardiovascular
é a principal causa de morte no país, com 32% das mortes em indivíduos acima de
30 anos em 2005, fruto do aumento da prevalência e do pequeno controle dos
fatores de risco, como a obesidade, a hipertensão, a dislipidemia e a diabetes.
A revista coloca a urbanização da população e o maior acesso às riquezas como
causas do aumento dos fatores de risco no Brasil. “É o preço que se paga pelo
desenvolvimento”, diz na reportagem o Dr. Antônio Carlos Palandri Chagas,
ex-presidente da SBC.
Por fim, foi mostrada a importância da SBC e os esforços para reverter esta
situação. A SBC tem hoje 12 mil associados e 8 mil especialistas em cardiologia,
e tem feito parcerias com o governo em diversas áreas para o desenvolvimento da
cardiologia (e dos cardiologistas) do país. Foi citada a publicação dos Arquivos
Brasileiros de Cardiologia e a associação da entidade brasileira com diversas
sociedades internacionais de cardiologia. Foi dado amplo destaque aos esforços
para o desenvolvimento do conhecimento cardiológico no Brasil, através de
programas de atualização em cardiologia (onde se inclui o Cardiosource em
Português) e apoio à formação de pesquisadores. A SBC se preocupa com o problema
da doença cardiovascular no Brasil e tenta minimizá-lo através de parcerias
regionais e internacionais.
De maneira brilhante, o European Heart Journal conseguiu mostrar um retrato
bastante fidedigno do panorama do crescimento econômico brasileiro e do tamanho
do problema da saúde cardiovascular da população. Esperamos que em alguns anos,
outras reportagens mostrem o melhor controle dos fatores de risco e a diminuição
da prevalência de mortes cardiovasculares no país.