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Stent bioabsorvível é aprovado para o tratamento da doença arterial coronariana Europa
Autor: Dr. Augusto Celso A. Lopes Jr.
Revisor: Prof. Dr. Expedito E. Ribeiro
O primeiro stent bioabsorvível do mundo, da Abbott Vascular, recebeu aprovação
para o tratamento da doença arterial coronária pela Comunidade Européia (CE
Mark®). Essa nova tecnologia representa uma evolução dos stents coronários, já
que possibilita a desobstrução da artéria coronária sem implante metálico
permanente, pois todo o sistema é bioabsorvível. Isso ocorre em média após 2
anos do implante, potencialmente restaurando a fisiologia natural do vaso. O
lançamento comercial na Europa está previsto até o final de 2012.
O STENT
O stent, chamado de BVS1, é farmacológico e libera a droga everolimus (mesma
droga dos stents XIENCE® e PROMUS®). É constituído por polímeros de ácido
poli-L-láctico (APLL), revestidos com uma camada rapidamente absorvível de ácido
poli-D-L-láctico (APDLL), que por sua vez contém e libera a droga everolimus. O
dispositivo é projetado para restaurar o fluxo de sangue através da abertura do
vaso obstruído e sustentar uma força radial suficiente para evitar o recuo
elástico do vaso após a dilatação, sendo reabsorvido após 2 ou 3 anos. As
vantagens teóricas da prótese reabsorvível são: necessidade da terapia dupla
anti-plaquetária por menor tempo; possibilidade de não interferir em estudos
não-invasivos (angiotomografia e ressonância nuclear magnética) e em cirurgia de
revascularização miocárdica quando necessária; evitar processo inflamatório
tardio, reduzindo o impacto da disfunção endotelial e do remodelamento vascular
nos vasos tratados, eventos que podem estar relacionados à trombose tardia dos
stents.1,2
TRIALS
O primeiro stent bioabsorvível farmacológico a demonstrar resultados promissores
em seres humanos foi o stent liberador de everolimus BVS, avaliado por Ormiston
et al1 no estudo ABSORB.
O recuo elástico imediato foi semelhante ao do stent convencional de
cromo-cobalto no estudo ABSORB first-in-man1. Nesse estudo, foram utilizados
stents de 3mm de diâmetro e comprimento de 12mm e 18mm em 30 pacientes com
lesões coronárias de novo. A taxa de sucesso do implante foi de 94%. Após 2
anos, observou-se apenas 1 evento cardíaco adverso (infarto do miocárdio não-Q).
A perda luminal tardia foi de 0,44mm, que é maior do que a observada com alguns
stents farmacológicos utilizados na prática clínica atual. A análise pelo
ultra-som intracoronariano demonstrou área de hiperplasia intimal pequena (0,30
mm²), área do vaso mantida (13,55 mm² pós-procedimento vs 13,49 mm² no
seguimento; P = 0,98), e retração tardia relativa do stent de 11,8% (6,08 mm²
pós-procedimento vs 5,37 mm² no seguimento; P < 0,0001), considerada o principal
mecanismo responsável pela diminuição da área luminal mínima de 24,3% (5,11 mm²
vs 3,85 mm²; P < 0,0001). A análise por meio da histologia virtual demonstrou os
primeiros sinais de absorção das hastes do stent aos seis meses. Em seis meses,
99% das hastes estavam cobertas por tecido neointimal.1-3
Os resultados iniciais desses estudos são promissores, mas ainda compreendem
pequeno número de pacientes, com tempo de evolução curto. Nesse sentido, mais
estudos, com maior número de pacientes, são necessários para que possamos ter
conclusões definitivas. Além disso, pequenas modificações na estrutura para a
segunda geração desse stent foram realizadas, a fim de melhorar seus resultados
em relação ao dos stents farmacológicos metálicos atuais.
Referências:
1. Ormiston et al. Bioabsorbable Coronary Stents. Circ Cardiovasc Intervent
2009;2:255-260.
2. Serruys PW, et al. A bioabsorbable everolimus-eluting coronary stent system (ABSORB):
2-year outcomes and results from multiple imaging methods. Lancet
2009;373(9667):897-910.
3. Brito et al. Stents Bioabsorvíveis: Já É Hora de “Absorvermos” Esse Conceito?
Rev Bras Cardiol Invas 2009;17(1):110-6.