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FDA diz que os
benefícios da Olmesartana superam os possíveis riscos em diabéticos – Análise
após ROADMAP e ORIENT
No segundo semestre do ano passado, após a publicação do estudo ROADMAP (Randomized
Olmesartan and Diabetes Microalbuminuria Prevention) ter apontado um aumento do
risco cardiovascular em pacientes diabéticos que faziam uso de Olmesartana
(bloqueador do receptor de angiotensina - BRA), o FDA passou a revisar os
eventos adversos relacionados a essa medicação. Após extensa análise pelo seu
comitê de segurança, o FDA publicou no dia 14/04/2011 parecer final afirmando
que os seus benefícios da Olmesartana nesses pacientes superam os riscos.
O seu relatório,
disponível na íntegra aqui, o FDA reafirma os benefícios da
medicação no que diz respeito à eficácia anti-hipertensiva, e ressalta, no
entanto, que “a droga não é recomendada como tratamento para prevenir ou
retardar a proteinúria em pacientes diabéticos”.
O documento ainda afirma que a fabricante da Olmesartana, Daiichi Sankyo,
“concorda em cooperar com o FDA para realizar estudos adicionais, assim como
análises complementares de outros estudos clínicos já realizados, a fim de
obterem informações mais completas sobre os riscos ou benefícios
cardiovasculares nas diversas apresentações clínicas”.
- Entenda o caso:
O ROADMAP foi um estudo randomizado, multicêntrico, duplo-cego, realizado
na Europa, incluindo 4.447 pacientes com diabetes e pelo menos um fator de risco
cardiovascular adicional, mas sem evidência de disfunção renal. Os participantes
foram randomizados para receberem olmesartana ou placebo, podendo associar
outros anti-hipertensivos para atingir a meta de PA. Os resultados mostram que
havia uma incidência cumulativa de microalbuminúria de 8,2% com olmesartana e
9,8% com o placebo, e o tempo para o aparecimento de microalbuminúria foi
retardado em 23% com olmesartana (hazard ratio 0,77, p=0,01), independentemente
da PA. No entanto, houve 15 mortes cardiovasculares no grupo olmesartana em
comparação com um total de três mortes no grupo controle (0,7% vs 0,1%, p=0,01).
A maior parte do excesso de mortalidade cardiovascular no grupo olmesartana
ocorreu em pacientes com doença cardiovascular preexistente (11 eventos contra
um com o placebo, p=0,03) e entre os pacientes no quartil mais baixo da PA, a
que os investigadores atribuíram ao efeito de curva-J. Este estudo foi
apresentado no congresso europeu de hipertensão em junho de 2010, e desde então
o FDA iniciou suas revisões de segurança.
Curiosamente, mais recentemente, durante o congresso anual do American College
of Cardiology (ACC 2011), foi apresentado o estudo
OSCAR, que testou Olmesartana
associada a bloqueador do canal de cálcio (BCC) contra Olmesartana em dose
dobrada. Neste estudo, pacientes com doença cardiovascular estabelecida
apresentaram menos eventos com a associação de BRA+BCC, no entanto, em pacientes
diabéticos, houve uma tendência não-significativa de benefício da olmesartana
sobre a terapia combinada.
Autor: Dr. Humberto Graner Moreira