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Aspectos práticos do uso de dabigatrana

Autor: Dra. Thaís Pinheiro Lima

Após a publicação do estudo RE-LY, o FDA aprovou o uso comercial do novo anticoagulante oral Pradaxa® (etexilato de dabigatrana) para a prevenção de acidente vascular cerebral (AVC) em pacientes com fibrilação atrial (FA) não valvular, marcando desta forma a primeira aprovação de um novo anticoagulante oral nos EUA em mais de 50 anos.

O Pradaxa® já está disponível para uso comercial em nosso país, no entanto, algumas dúvidas relacionadas à prescrição deste medicamento ainda permanecem. Para esclarecer tais dúvidas, relacionamos alguns aspectos práticos do uso de dabigatrana.

- Com relação à posologia, a dabigatrana deve ser prescrita nas doses de 150mg 2x/dia, para pacientes com clearance de creatinina [ClCr] > 30ml/min ou 75mg 2x/dia, naqueles com ClCr entre 15 e 30ml/min. Recomenda-se a ingestão associada a alimentos (sólido ou líquido). Seu nível sérico terapêutico se faz entre 30 minutos e 2 horas após a administração.

- Se o paciente esquecer-se de utilizar uma das doses, ela deverá ser administrada em até 6 horas do horário padrão. Caso não seja administrada nesse prazo, recomenda-se a suspensão da dose, tomando apenas a próxima. Ex: horário padrão 9:00h e 21:00h. Se o paciente esqueceu-se de tomar a dose das 9:00h, esta poderá ser tomada até as 15:00h. Passado esse prazo, orienta-se aguardar e tomar somente a dose das 21:00 h.

- Nos indivíduos já em uso de antagonistas da vitamina K, só devemos iniciar a dabigatrana quando o paciente estiver com o INR abaixo de 2,0.

- Se o paciente em uso de dabigatrana tiver uma cirurgia eletiva programada, a medicação deverá ser suspensa 24 horas antes, se a função renal for normal, ou 48 horas antes, se função renal alterada.

- Caso haja algum sinal de sangramento maior, suspender imediatamente o uso da medicação e utilizar medidas locais para cessar o sangramento. Não existe nenhum antídoto para a dabigatrana. Dos 18.113 pacientes do estudo RE-LY, apenas 1 teve sangramento denominado catastrófico. Como a dabigatrana é dialisável, poderá ser realizado diálise, de preferência com acesso femoral, para reduzir complicações maiores relacionadas ao sangramento no sítio de cateter.

- Até o momento não existem dados definitivos sobre os benefícios do uso de terapia tripla, associando AAS e clopidogrel com a dabigatrana. Sabe-se, no entanto, que houve maior incidência de sangramentos relacionados à dabigatrana, em comparação com a varfarina, especialmente aumento da taxa de hemorragia intracraniana.

- A utilização da droga é contra-indicada aos pacientes com insuficiência renal crônica em estágio avançado (ClCr < 15) e naqueles em uso de próteses valvares mecânicas, nos quais a dabigatrana não foi testada.  

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