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FDA aprova Ticagrelor no mercado norte-americano

Autor: Dr. Humberto Graner Moreira

    O Ticagrelor (Brilinta, AstraZeneca) foi finalmente liberado para comercialização nos EUA, depois de um prolongado processo no qual o FDA adiou duas vezes a decisão sobre a medicação.

    No entanto, a aprovação vem acompanhada de uma advertência na bula, afirmando que o uso de ticagrelor com doses de aspirina acima de 100 mg/dia diminui a eficácia da medicação.

    Esta "teoria da aspirina" é acreditada como sendo a razão para a “anomalia norte-americana”, verificada no estudo PLATO. Neste estudo, em que o resultado do ticagrelor foi superior ao do clopidogrel, não foi verificado este benefício nos países da América do Norte, onde as doses de aspirina eram geralmente mais altas.


Relembre o estudo PLATO

    Pacientes com síndrome coronariana aguda (com ou sem supra de ST) foram randomizados para receberem ticagrelor (n=9.333; dose de ataque 180mg seguido por 90mg 2x/dia) ou clopidogrel (n=9.291; dose de ataque 300mg seguido por 75mg diariamente), e o tratamento continuado por até 12 meses após o evento. Dose adicional de ataque era administrada no momento da intervenção coronariana percutânea (ICP), quando realizada. O desfecho primário era o composto de morte por causa cardiovascular, infarto ou AVC. Dentre os 19.624 pacientes randomizados, 38% apresentaram IAM com supra de ST; 43% IAM sem supra de ST; e 17% angina instável. ICP foi realizada em 61% dos pacientes na internação, e 4,5% foram submetidos à cirurgia de revascularização miocárdica.
    O desfecho primário ocorreu menos freqüente no grupo ticagrelor (9,8% x 11,7%; HR 0,84; IC 95% 0,77 – 0,92). Sangramentos maiores foram similares entre os grupos ticagrelor e clopidogrel (respectivamente 11,6% x 11,2%; p=0,43). Sangramentos maiores relacionado à cirurgia de revascularização não diferiram entre os grupos (7,4% x 7,9%; p=0,32). No subgrupo de 13.408 pacientes nos quais a estratégia invasiva estava planejada, ticagrelor foi associada com uma redução significativa do desfecho primário (9,0% x 10,7%; p=0,0025).
    Mas em uma posterior análise de subgrupo, as incidências de desfecho primário foram de 11,9% e 9,6%, respectivamente, para os pacientes nos EUA e Canadá, sem diferença estatisticamente significativa em relação ao clopidogrel.

    Estas foram as razões pelas quais o mercado norte-americano demorou para liberar o ticagrelor, explicada posteriormente pela "teoria da aspirina", que advoga que uma possível interação entre ticagrelor e doses altas de aspirina diminuiria os benefícios daquele. Esta teoria não foi comprovada, mas este é o motivo da advertência na bula da medicação. Com o ticagrelor agora disponível no mercado, provavelmente teremos novos estudos, desta vez “no mundo real”, avaliando a eficácia da droga, possíveis interações e efeitos colaterais.

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