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Brasil testará primeiro dispositivo de assistência ventricular 100% nacional
Autor: Humberto Graner Moreira e Mônica Samuel Avila
VA insuficiência cardíaca (IC) é a causa mais frequente de internação por
doença cardiovascular no Brasil e o seu tratamento é inicialmente clínico.
Quando a doença progride apesar da terapia medicamentosa otimizada, o que é
chamado e IC refratária ou estágio D, existem algumas opções terapêuticas
cirúrgicas avançadas que já demonstraram benefícios tanto na qualidade de vida
como na sobrevida desses pacientes. Entre estas estratégias incluem o implante
de marcapasso desfibrilador ou ressincronizador, além dos dispositivos de
assistência ventricular (DAV) e o transplante cardíaco.
Os dispositivos de assistência ventricular são bombas mecânicas, que podem ser
implantáveis ou extracorpóreas, que ajudam o ventrículo insuficiente a manter o
débito cardíaco mínimo necessário.
As indicações para o DAV são: ponte para o transplante cardíaco (enquanto o
paciente aguarda o transplante), ponte para recuperação (quando o pacientes tem
perspectiva de melhora da função cardíaca), ponte para decisão (para
estabilização do quadro enquanto se decide a melhor proposta terapêutica) e
terapia de destino (quando não existe a indicação de transplante ou de melhora).
No Brasil, o suporte circulatório disponível se restringe ao balão intra aórtico
e à circulação extracorpórea, que são medidas de curta duração, utilizadas
enquanto o paciente aguarda o transplante. Os dispositivos implantáveis ainda
são raros devido ao alto custo desse procedimento, que pode chegar a até $500
mil reais.
O Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, de São Paulo, está desenvolvendo um
projeto com a assistência circulatória e recebeu autorização para iniciar os
testes em humanos. O médico Aron José Pazin de Andade, responsável pelo Centro
de Bioengenharia do hospital e idealizador do dispositivo, afirma que essa
medida pode facilitar o acesso a essa tecnologia no país. O dispositivo
brasileiro custaria cerca de entre 60 e 100 mil reais (15% do valor
comercializado).
O projeto começou em 1998 e fazia parte da tese de doutorado do Dr. Andrade. As
pesquisas seguiram-se naquele Instituto tem apresentado bons resultados em
testes com animais desde 2004, inclusive com implante intra-abdominal. Nesta
primeira fase de testes em humanos, o aparelho, que pesa aproximadamente 700g,
será implantado fora do corpo. Serão selecionados cinco pacientes com
insuficiência cardíaca muito avançada e com necessidade de transplante iminente
que, com o implante do dispositivo, passarão a ter prioridade na fila.
A esperança é que, no futuro, o dispositivo possa ser usado como forma auxiliar
também em pacientes menos graves, até como forma de evitar o transplante.