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A disputa entre o jaleco e a gravata: os desafios da profissionalização das instituições médicas

Dr. Bruno Paolino

Referência: Jornal Valor Econômico.

Com a crescente profissionalização de clínicas e hospitais e o aumento progressivo dos custos dos tratamentos médicos, a relação entre administradores e médicos dentro das instituições médicas é a cada dia mais difícil, por causa da pressão pela redução dos custos e a adoção de protocolos assistenciais padronizados. Isso foi o que mostrou o estudo realizado pela FGV in Company e publicado na edição de 13/07/2012 do jornal Valor Econômico.

O estudo incluiu 87 alunos e ex-alunos dos cursos de gestão em saúde da Fundação Getúlio Vargas, sendo 38 médicos e 49 gestores não-médicos. Entrevistas foram realizadas com os participantes sobre a relação entre ambos os grupos e mostraram uma relação nada amistosa. No grupo dos médicos, 50% dos indivíduos responderam que a relação com os administradores não-médicos é ruim e somente 24% deles informaram que esta relação é boa. No mesmo sentido, 84% dos médicos se sentem ou já se sentiram pressionados a adotarem procedimentos ou a prescreverem medicações de menor custo. No grupo dos gestores não-médicos, 65% responderam que é grande a parcela de médicos que não querem adotar procedimentos médicos padronizados, mas 82% acreditam que os médicos reagem positivamente à profissionalização das instituições médicas.

O que é importante ressaltar é que a profissionalização das instituições médicas, com protocolos padronizados e pressão pela diminuição dos custos, é um processo crescente e contínuo, tanto na rede pública quanto na privada. Nos hospitais particulares, além da concorrência entre as instituições, ainda há a pressão dos planos de saúde em reduzir gastos. Por este motivo, é crescente a quantidade de hospitais gerenciados por administradores e não por médicos. "Há hospitais gastando menos porque foram pelo caminho mais fácil, demitindo profissionais experientes e a qualidade caiu, por exemplo. Mas há também hospitais gastando melhor seus recursos. Um procedimento mais caro nem sempre é o melhor", disse a professora Ana Maria Malik, coordenadora do núcleo de saúde do FGV in company. Porém, as resistências iniciais dos médicos são frequentes. "Os médicos acham que os protocolos vão engessar sua forma de trabalhar, que normalmente é individualizada", observa Sérgio Bento, diretor-técnico executivo da Planisa, consultoria especializada em saúde.

Outro dado importante da pesquisa foi que 84% dos médicos entrevistados acreditam que o melhor seria o administrador ter formação em medicina e especialização em negócios. Segundo os médicos entrevistados, um médico no comando da instituição dá mais flexibilidade para questões pontuais e mais sensibilidade em resolver os problemas assistenciais.

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