Quase 60% dos médicos recém-formados em São Paulo são reprovados em prova do Conselho Regional de Medicina

Autor: Dr. Bruno Biselli

O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP) realiza anualmente, desde 2005, um exame de proficiência aos médicos recém-formados no estado. O exame é obrigatório desde 2012, mas , não exige que os candidatos sejam aprovados para exercer as atividades profissionais.

Em 2013, 59% dos 2843 médicos recém-formados não conseguiram o acerto mínimo de 60% das 120 questões de pediatria, clinica médica, cirurgia, ginecologia/obstetrícia e saúde publica. Historicamente, esse padrão de reprovação de médicos recém-formados vem se repetindo desde as primeiras edições do exame.

Médicos formados em faculdades particulares apresentaram índices de reprovação de 71%, enquanto médicos de escolas publicas tiveram 34% de reprovação. Recém-formados de outros estados, que pretendem exercer sua profissão ou fazer residência médica no Estado de São Paulo também puderam fazer o exame. Dos 485 médicos de outros estados, somente 28% foram aprovados.

O resultado do exame suscita discussões sobre a qualidade do ensino nas faculdades de medicina do estado e do próprio país, a política de permissão de abertura de novas escolas e a necessidade de criação de um exame nacional de habilitação para a medicina, semelhante ao da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

Por outro lado, criticas em relação à estrutura do exame são levantadas. O caráter não eliminatório, no qual o recém-formado obtém o registro profissional independente do seu desempenho, pode torná-lo desinteressante, sem a necessidade de empenho em responder as questões corretamente. Esse comportamento com elevado índice de reprovação, no entanto, é também observado em outras provas de caráter eliminatório, como a do título de especialista em cardiologia, sugerindo uma preparação inadequada dos candidatos. Além disso, as limitações de usar questões de múltipla escolha, como forma de avaliação do curso médico, vai contra as avaliações mais abrangentes que deveriam ser feitas durante todo o curso, nas residências médicas e nos hospitais universitários.